quinta-feira, 28 de abril de 2011

Vícios da gravidez e a vida alheia

A gente sabe que gravidez e vício não combinam. Mas isso quando a gente pensa em vício prejudicial à saúde do tipo cigarro, drogas e afins. Vício bom pode! E eu estou cada dia mais viciada em muitas coisas.

A número um por sensação gostosa e por frequência é alisar a barriga. Ô meu Deus! Que coisa boa! Não dá nem pra descrever como é estar de posse de uma barriga milagrosa com seu maior tesouro dentro... Passo o dia todo num misto de carinho, pequenas coceirinhas, cócegas, massagens e toda forma de contato que estiver ao meu alcance no momento.

Derivando desse primeiro vício, tem o segundo que é tão especial quanto, porém não acontece sempre: ver Alice se mexendo. Ahhhh! Delícia mais gostosa da Mamãe e do Papai! (já faz um tempo que ela chuta tão forte que Anderson já sente quanto toca as mãos ou até quando eu encosto a barriga nele). Ah! Também já dá pra ver de longe a barriga se movimentando com ela. Vovó Rosa também foi presenteada essa semana com a sessão. Ao menor sinal de que ela vai começar a folia, eu corro pro quarto, suspendo a blusa e perco as horas nessa interação.

Depois vem os vícios "internéticos": visitar os blogs sobre maternidade (meu preferido é o Potencial Gestante) e ficar olhando toda sorte de artesanatos no site Elo 7. Esse último foi a minha mãe que me viciou quando começou a comprar tudo o que via nele pra Alice. Vale a pena passar algumas horas garimpando. Tem muita opção legal pra decoração, enxoval etc.

Viciei também na hidroginástica. Acabei ficando tão dependente dela que quando passo a não ir parece que o organismo funciona diferente. Inclusive me sinto mais cansada que o normal quando falto. Lá na hidro também tem um fator relevante que é o contato com pessoas diferentes. O negócio lá é assim: temos uma turma de mais ou menos 10 mulheres por aula. Tem idosas, tagarelas, gordinhas, grávidas e as que estão fazendo tratamento para alguma lesão ou dor. Sendo que cada uma das alunas pode se encaixar em até 4 categorias! rsrs Pensa numa revolução aquática! Elas conversam, contam histórias, param os exercícios no meio pra fofocar e o mais legal é que elas me adotaram como mascote! Todo dia tem uma dica nova! Ouço todas e vou - na minha grande filosofia de vida copiada dos pinguins de Madagascar: "Sorria e Acene!" - refletindo sobre o que fazer ou não. 

E é nesse ponto que queria chegar: os vícios alheio em relação às grávidas. Fora a história do conselho tem a curiosidade. Grávida é propriedade pública. Outro dia vi uma chamada num site falando que Danielle Winits estava com seu ex-marido, pai do filho que ela estava esperando, num jantar pós separação. A manchete se referia apenas ao encontro do ex-casal: uma bomba jornalística super vendável. Nas fotos, ela aparecia com sua barriga de oito meses e um cigarro na boca. Nenhuma palavra sobre o cigarro na matéria... Fiquei muito chocada! O mais relevante pro povo é saber quem casou e quem descasou. Mas, e o exemplo de hábitos saudáveis? Ela é uma pessoa pública... Enfim: ela tornou sua condição de mãe numa simples pauta pra revista de R$ 1,99. 

Já com os conselhos é assim: todo mundo quer perguntar, quer saber, quer palpitar. Óbvio que adoro conversas que giram em torno de Alice, mas o mais óbvio é que tudo tem limite. De alguns (principalmente família e amigos) é muito gostoso ouvir conselhos e histórias. Tem coisa que aproveitarei, mas outras não fazem parte da forma como eu e Anderson queremos conduzir a nossa rotina e serão descartadas pronta e educadamente. Porém, tem gente que nem conhece a pessoa direito e vem com uns palpites invasivos, agressivos e autoritários que só muita paciência e perseverança pra pegar meu sorriso do fundo da alma e deixar que os pinguins operem na minha vida. E isso não é só comigo. Já vi gente fazer isso com outras gravidinhas e mamães de primeira viagem na minha frente e não é nada confortável.

Eu mesma, às vezes, me pego querendo aconselhar. Depois paro e penso: o que me gabarita a sair por aí ensinando alguém a criar um bebê? Cada casal tem sua forma de agir, cada mãe tem seu instinto, cada filho é um ser especial e ninguém melhor do que seus pais pra conhecê-lo e saber como ele se sente melhor. O que ocorre com Alice pode nunca acontecer com nenhum outro bebê no mundo e por aí vai. 

Calma, gente! Também não acho que sou expert e não precisarei de conselhos. Precisarei e muito. Mas precisarei dos alertas delicados e sugestivos de quem nos ama e que é recíproco, os quais eu tentarei usar à medida em que forem necessários. Como uma amiga que me disse que sempre que o bebê dela se agitava na barriga à noite ela bebia um copinho de leite e ele se acalmava. Não gosto de leite, então caso eu precise vou tomar suco ou um "chazinho". Gosto de carinho, de cuidado e de zelo. De ordem não conheço quem gosta. ;)